O lado triste da história de um dos defensores do Escotismo Tradicional.

Por pedido de alguns seguidores do Blog vou aqui postar um desabafo meu feito a algum tempo. Ao lerem primeiro vivam comigo as situações para depois comentarem.

Sou escoteiro desde outubro de 87, quando em uma conversa de escola com o Dudu descobri que poderia muito mais do que imaginava, descobri que poderia acampar, viajar e me aventurar como nos filmes de seção da tarde.

Comecei minha vida escoteira realmente com a minha promessa dia 21 de maio de 1988 no Grupo Escoteiro Ave Branca, patrulha Morcego, numa bela tarde de sábado fui interrogado pelo meu chefe o que era honra e prontamente respondi que era o que eu tinha mais de valor, que a meu ver não se poderia medir. Depois desse compromisso fui vivendo e sem perceber através do “sofrimento”, das conquistas, das amizades o que realmente era seguir as leis escoteiras. Ainda durante minha vida de escoteiro descobri que nem tudo eram flores, durante o V Ajuri, descobri que existiam escoteiros, se posso lhes chamar assim, que roubava, se drogavam e brigavam. Vi-me tendo que colocar cadeado em minha barraca, na época adiantava porque agora levam a barraca toda, a ter que me proteger dentro de uma atividade que era um sonho, eu com mais 7 mil escoteiros livres sem maldade no coração, ME DESILUDI PELA PRIMEIRA VEZ, voltei e depois de um tempo voltei a acreditar no sonho.
Logo na atividade seguinte, a Primeira “ASNA” que tinham seniores e guias, pude viver esse sonho, com cerca de 300 seniores e guias em Itatiaia, durante os dias de acampamento sofremos, nos divertimos e fomos escoteiros. Muitos sonhos meus de acampamentos se assemelham a esta atividade, isso me mostrou que era possível. Existiam regras para se participar de tal atividade, tive que me mostrar capaz e conquistar a minha EF I, simplesmente para poder acampar.
O acampamento foi tão bom para mim que voltei e contei a todos, dois anos depois estávamos a tropa toda, ao contrário da primeira que só tinha ido eu. Passei quase dois anos me preparando e adestrando a minha patrulha, tanto que a meu ver foi a recompensa de todo meu trabalho, recebi meu escoteiro da pátria e vi a minha patrulha como a mais graduada de toda atividade, nos divertimos e sem pensar demais vivemos um grande acampamento.
Nesse período meus chefes seniores sempre me mostraram que devemos ser leais aos nossos compromissos, devemos sempre nos superar, não simplesmente cumprir a tabela.
Quando completei meus 18 anos pensei, agora com pessoas mais maduras vai ser bem melhor, me envolvi nas discussões dos lideres, participava nos bastidores de várias situações, minha mãe era da diretoria regional, vi minha mãe fazer de tudo para que pudéssemos praticar um escotismo descente, indo até mesmo de encontro a decisões superiores. E ela me dizia, se disserem que vocês estão errados terão que provar, não é só dizer. Durante esse ano pioneiro fizemos um AREPIO (Acampamento Regional Pioneiro), decidimos que aquele ano iríamos fazer uma atividade mateira e que no ano seguinte seria uma grande atividade de serviço, topei e apoiei, mas no ano seguinte o acordado foi modificado, como um bando de seniores, eles montaram outra atividade idêntica a do ano anterior. No meio desse tivemos o Mutirão pioneiro Nacional em Sorocaba, fui muito empolgado, no fórum regional fui eleito delegado, estudamos os problemas trabalhamos muito e fomos a tal atividade, enquanto eu e mais 4 estávamos preocupados com o rumo do ramo pioneiro a maioria dos jovens estavam se embriagando e transando, nem um pouco preocupados com o mundo e o pior apoiados por vários mestres. Depois destes acontecimentos me desiludi com o ramo pioneiro, e já me encontrava com o projeto de Insígnia de BP em andamento, abandonei tudo e fui me dedicar à chefia da tropa escoteira.
Junto com meu antigo chefe o Elson e mais outros companheiros, iniciamos um lindo trabalho de co-educação, mesclando as meninas e meninos nas patrulhas, foi um sucesso rapidamente estávamos com a tropa completa, jovens loucos por conquistas de etapas, e se mostrando cada vez mais capazes. Como chefe escoteiro foi uma das melhores épocas, até porque conheci minha amada esposa. Depois de estarmos com nossa tropa nos trilhos, 7 chefes e 32 jovens, vimos a tropa sênior resumida em 4 jovens, isso não poderia acontecer, em reunião me dispus a ajudar como assistente da Ch. Marise, grande irmã, e juntos começamos o trabalho com o ”calderon”, era como chamávamos os 4 jovens. Com um trabalho de base e sem se preocupar com as orientações da UEB e seu MACPRO, levamos a tropa de 4 para 24, todos com tremenda garra, jovens que se superavam a cada desafio que colocávamos para eles, a Marise se afastou e eu me vi sozinho com a tropa, mas como era jovem e sonhador não desanimei, traçamos projetos, alguns não se realizaram mas tivemos uma grande tropa.
Um baque que recebi nessa época foi a morte de minha mãe a Chefe Elza Campos, que até o fim mesmo com câncer, batalhou e mostrou a melhor mãe e chefe que poderia ter. Brigava por nós, nos puxava as orelhas, era moleca e séria. Fez coisas que poucos na época conseguiam, como enquanto viva só o distrito dirigido por ela, melhor por todos os chefes, pois ela não centralizava, era o único que funcionava, enquanto distritos de grupos com pessoas de renome não faziam nada. Criamos as primeiras atividades distritais, as quais depois do sucesso, a direção regional tomou posse e veio com os enlatados que não tiveram o mesmo sucesso. Em 19 de abril de 97 ela faleceu, uma semana depois de ter sido reeleita Chefe de Grupo do Ave Branca, depois de 10 meses lutando contra o câncer, cabe um adendo os ditos amigos escoteiros da Dir. Regional pouco fizeram, mesmo sabendo que ela não sobreviveria deixaram para depois da morte a entrega das medalhas delas, q quando me entregaram foi simplesmente um pacote dizendo aqui estão as medalha da sua mãe. Deu-me vontade de manda todos ir pro espaço.
Na época de minha mãe já fazíamos de certa forma escotismo independente, pois o que criávamos colocávamos em prática e o filtro, Chefe Elza, nos purificava do mal que vinha do alto.
Depois da morte de minha mãe casei e comecei a conhecer o outro lado, ser chefe de família também. Mesmo com todos meus afazeres não me afastei, mantivemos o grupo eu no ramo sênior e meu eterno amigo/rival/escoteiro Alessandro na tropa escoteira, como nosso conhecimento fomos ajudando os chefes novos a tomarem posse do escotismo, em cursos na UEB sempre discordávamos das modernidades, lembro bem em um CAB, que estávamos discutindo sobre etapas e foi-se levantada a questão sobre a desatualização destas nos guias, concordamos mas indagamos, no nosso grupo as etapas são um roteiro a ser elaborado, a base são as etapas e o mais cada chefe cobra de acordo com o jovem, me disseram isso que deve ser feito por todos, mas não é assim que acontece, a maioria dos chefes é despreparado e não tem formação acadêmica, questionei que formação acadêmica não era a base, pois meu chefe sênior não tinha o segundo grau e era um excelente chefe, o erro está então na formação do chefe. Todos no curso concordaram menos a coordenação, pois ela falava que o problema estava nos guias. Hoje vejo que eles tanto fizeram que acabaram com um dos pilares do escotismo A CONQUISTA.
Fui me desiludindo, sendo cada vez mais tolhido pela UEB sem motivos aparentes. Em uma dada ocasião uma mãe formada por esses chefes voltou ao grupo e foi trabalhar na direção ajudando na parte administrativa, não entendia nada de técnica, mas insistia em querer se meter sem procurar entender, em uma eleição ela foi eleita a Presidente do Grupo, na época eu preocupava mais com os jovens do que com outras coisas, meu negócio era a tropa. E investida de todo esse poder começou a intervir no trabalho das tropas, proibindo acampamentos, se metendo em assuntos reservados á corte de honra, até o dia que esta senhora chamou a minha tropa e sem mais foi avaliar o meu desempenho junto aos jovens, e quando os meninos falavam bem ela questionava querendo direcionar os jovens contra mim, ao chegar e ver o que estava acontecendo entrei na reunião e perguntei o que estava acontecendo, chamei a senhora no canto e falei que não era ético fazer o que ela estava fazendo, tínhamos meios mais eficazes de fazer essa avaliação e porque ela era contra meu trabalho. Ela me respondeu, fui instruída pela Região que como presidente eu posso participar de tudo e orientar tudo se tivesse duvida era só ir pergunta a Direção, expliquei que não era assim o grupo é uma família e ela tinha pouco tempo e conhecimento dos membros dessa família ela me respondeu que quem mandava era ela e eu só respondi que: “Se o grupo é seu tenha bom proveito, enquanto estiver no grupo estou fora.” Saí com o coração partido reuni a tropa e passei a situação e me despedi.
Mas como não consigo ficar fora do escotismo, eu e outro chefe o amigo de longa data o Elson fomos colocar nosso serviço de escotista a disposição de outro grupo, fomos então para o Roberto Simonsen, no dia de nossa chegada a este grupo estavam realizando uma reunião de diretoria, com o fim de fechar o grupo, nos colocamos a disposição e não deixamos que o grupo fechasse. Começamos ali um trabalho grande, um grupo com 3 décadas de história não poderia ser fechado daquela forma. Na tropa escoteira, que era nossa especialidade começamos a trabalhar e dar suporte aos outros ramos. Começamos com um curso para monitores, onde reacendemos o desejo daquelas crianças. Com cerca de 6 meses de trabalho, mesmo contra os desejos da regional, em assembléia decidimos retornar ao uniforme, fomos procurados, pais foram incomodados mas conseguimos, nada de traje bagunçado.. Na nossa primeira aparição de caqui uma diretora Regional cheia dos princípios escoteiros disse em frente a nossos jovens: “QUE RIDICULO, COMO VOCÊS CONSEGUEM USAR ESSA ROUPA TÃO FEIA.” Isso diante dos nossos jovens. Isso me causou grande ressentimento Reerguemos a moral do grupo junto a entidade mantenedora, o SESI, bem como junto a comunidade escolar.
Um dia se apresenta um chefe vindo do nordeste, uma pessoa interessante e aparentemente disposta a trabalhar, como ele havia dito que trabalhava com seniores rapidamente colocamos eles na sênior, acreditando que nosso problema estava resolvido, com pouco tempo vimos uma competição infundada entre as tropas e tentamos acabar, mas foi difícil, o chefe que havia chegado a pouco se mostrou uma fraude, alertamos a diretoria do grupo quanto a isso, mas como ele era “vaselina”, a diretoria não sei porque começou a virar as costas para nós e dar apoio às loucuras de tal chefe. Diante disso como estava passando por problemas pessoais e o Elson estudantis, e não queríamos aquela briga, nos retiramos do grupo. Logo após a saída do grupo em uma atividade por falta de segurança uma jovem se machucou gravemente, em outro acampamento ocorreu um incêndio, como mau-caratismo não tem cura esse chefe começou a fazer cópias indevidas de documentos e livros e se colocar como autor, sendo descoberto pela direção regional e excluído o mesmo, não satisfeito ele recorreu à Assembléia Nacional e foi excluído. Tentou processo contra a UEB e perdeu. Mas como já nos tinham trocados pelo ”171”, ficamos como estávamos.
Três meses depois de nossa saída do Roberto Simonsen, em uma bela tarde de quarta, recebo o telefonema de meu irmão de sangue, pedindo que eu adestrasse a sua patrulha, me prontifiquei imediatamente e marcamos na minha casa. Momentos depois ele me retorna e me diz que não era possível fazer a reunião, perguntei o porquê e ele me disse que a Diretora do Grupo não havia permitido e que a chefe de tropa queria uma reunião no mesmo horário no shopping da cidade. Perguntei o motivo ele me disse que a referida diretora falou que se quisesse adestrar a patrulha dele podia procurar até o “Beira-mar”, menos eu. E ele me disse que argumentou que era meu irmão, ela disse que não importava.
Na mesma hora liguei para o Elson, grande companheiro de batalha e coloquei a idéia de criarmos um grupo ao moldes de nossos sonhos, prontamente ele disse que sim e se dirigiu a minha casa, nesta tarde eu, Elson, Vanessa(minha esposa), Rômulo meu irmão e o nosso primo Goiaba, fizemos a relação de antigos escoteiros e amigos para convidar pra participar de nosso sonho, foi assim que começou o Taguatinga.
Em nossas reuniões sempre falávamos, vamos criar um grupo para praticar escotismo e não uebismo,que não iríamos acabar com as etapas, tanto que compramos o estoque de distintivos do sul, a duras penas o grupo foi crescendo com esta proposta, eu me dediquei a tropa sênior e o Elson a tropa escoteira, começamos a trabalhar junto a administração da cidade, das secretarias que tinham envolvimento ecológico, a realmente fazer. A primeira aparição do Taguatinga em uma atividade regional foi uma tragédia, trabalhamos os meninos por quase um ano e quando chegamos, eles viram os outros escoteiros morgados, mau vestidos e sem vontade de nada. Perguntaram-me chefe o que é isso? Respondemos alguns escoteiros ainda perdidos. Continuamos trabalhando no grupo da forma que sempre acreditamos, sem dar bola pra UEB e ela fazia vista grossa, pois éramos mais e 60 inscrições e mensalidades regionais, ou seja, éramos dinheiro.
Até que começamos a conversar sobre independência, primeiro apareceu a ABEI, corria atrás, informações e tudo mais, mas não obtive êxito, pois rapidamente o site saiu do ar e depois fiquei sabendo que eles ficaram com medo da notificação extrajudicial que receberam da UEB. Os chefes do grupo Elson, Alexandre, Marlos e os outros falaram que deveríamos aguardar alguma se estabelecer para daí tomarmos uma decisão, mas algo em mim incomodava, não estava seguindo as regras da UEB, não estava sendo digno de confiança.
Nesse meio tempo a UEB ficou sabendo que queríamos desvincular e veio fazer uma visita de inspeção, o Dir. Tec. Regional veio acompanhou e fez vista grossa quanto aos distintivos de classe nos meninos, para ele estava tudo normal e muito bom.
No Jamboree de Brasília nos preparamos e começamos a trabalhar para participar em peso, pois seria em Brasília, mas mais uma decepção o preço, éramos carentes. Descobrimos que tinham conseguido uma verba grande que poderia ter subsidio, uma enganação. Como não obtiveram quorum abriram para os grupos participarem da abertura e de algumas atividades, nossos jovens foram em peso, e com um peso no coração, pois só ficaria um dia, mas como BP fazia na juventude, convenceram os pais de deixá-los ficar rodeando a atividade e astutamente entraram na atividade e participaram de praticamente tudo. Sem sequer serem indagados por alguém se eram escoteiros ou não.
Um mês depois, durante uma atividade de outro Grupo o Ave Branca, lembra dele, dirigida pela mesma Diretora que em tempos atrás tive problema, nos mantemos puritanos e não transmitimos rancor algum aos jovens, eles foram e o acidente aconteceu, durante uma travessia, que era uma das atividades do evento o Sênior Guilherme Pires (Piaba) morreu afogado. Dentro de todos os problemas já havíamos mandado o Processo de Concessão de Escoteiro da Pátria do Irmão do Guilherme o Felippe, tínhamos dado entrada 4 dias antes dele ter completado 18 anos, no meio dessa confusão da morte do Guilherme soubemos que havia sido negada a concessão e que o motivo foi intempestividade, ao argumentar com o Sr. Rubens ele disse que não havia sido entregue em tempo, argumentei que havia sido entregue a tempo bastava ele olhar a data da assinatura do coordenador distrital, diante disso ele falou que não poderia fazer mais nada, pois não sabia se era verdade, mesmo depois de ter confirmado com coordenador distrital. Não me contive fui chorar longe, o Felippe me vendo ali me perguntou e eu respondi o que havia acontecido, ficamos os dois em prantos no estacionamento da sede regional.
Diante disso resolvemos romper com a UEB e ajudar na criação da AEBP.
Fizemos a primeira reunião no Tacaúnas final de 2006 e no inicio de 2007 a assembléia de fundação. E quando fomos realizar nossa assembléia de constituição, ficamos sabendo que a Direção regional estava a procura de um pai para tomar o poder no grupo durante a assembléia, já haviam enviado cartas nos chamando de foras da lei e que tínhamos que voltar atrás, um pai preocupado com aquilo ligou para a região e depois de escutar algumas falsas verdades foi indagado se não gostaria de assumir o grupo e mandar o bando de loucos para fora, a Senhora Diretora recebeu a bela resposta, de que o pai havia andado em diversos grupos e que aquele ele tinha se afeiçoado e não gostaria de trair a confiança deposita pelos chefes nele.
Recebemos a ameaça de que durante a nossa assembléia constitutiva iriam aparecer alguns seres errantes, nos precavemos, procuramos advogados, fizemos contato na delegacia da área e colocamos viaturas na porta, para garantir o nosso direito. Ninguém apareceu e assim numa paz profunda e com os corações juntos no mesmo ideal “o escotismo”, criamos nossa associação local. Criamos nossos distintivos e nossos manuais e estamos trabalhando.
Fizemos parcerias com o governo, nos colocamos em nossa comunidade.
Hoje o nosso trabalho frutificou, alcançou outros estados e somos mais de 10 grupos escoteiros em atividade e formamos uma Federação Tradicional a FET Federação dos Escoteiros Tradicionais.
Esse foi o desabafo curto de um coração apaixonado pelo escotismo.
Depois conto as maravilhas que vivi no escotismo, pois são essas maravilhas que me fazem APAIXONADO PELO ESCOTISMO.

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