Lembro-me

Promessa 21/05/88

Antes do escotismo lembro-me como era a vida, filho de pais separados com minha mãe professora as coisas eram difíceis, a única diversão em família era  clube, após ir a igreja claro. Com o pouco dinheiro aprendi a não tomar café da manhã e a me virar sozinho, com 9 anos ia de ônibus para a escola que ficava no centro da cidade. Lá como um dos menores da turma nunca era escolhido primeiro para jogar bola e não era aquele atleta. 
Na década de 80 entrei para o escotismo, influenciado por um amigo de escola, o Dudu um excelente amigo e jovem, estava eu então na 7ª série, com um manual com várias coisas interessantes.
          Então hoje depois de 5 anos como escoteiro e 20 anos como escotista posso entender vários pontos.
Quando cheguei ao grupo meu     O chefe Uruã me fez decorar o guia do noviço, hoje ainda lembro de frases e partes do guia e adoro memorizar estas coisas.
Lembro que tive que ralar e aguardar 3 meses para fazer a promessa, aprendi a perseverar e aguardar o tempo certo, hoje sei que este é o tempo de Deus.
Lembro-me do chefe nos fazendo repetir as leis e promessa sempre, hoje sei que isso pode ser utilizado como autossugestão e ajuda como reforço positivo das minhas atitudes,não consigo sequer pegar algo perdido e ficar tranquilo.
Lembro-me dos jogos brutos que tínhamos onde saíamos arranhados, legal enquanto jovem vi só um braço quebrado em atividade e hoje posso estar em meio aos ambientes mais hostis que temos, uma linha de policia de choque coordenando um grupo de policiais sob injusta agressão.
  Lembro-me dos trabalhos com cordas, onde o chefe nos colocava sem capacete e sem arnês dependurado, nunca caímos para machucar e hoje posso e tenho condições de escalar como ponta e coragem o suficiente para assumir os riscos em minha vida.
Lembro-me do primeiro acampamento dormindo mal, comendo mal, cortando lenha, carregando água e tudo que o escotismo tradicional prega, agora posso entender que era para eu poder ter condições se ser membro do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) e não ter medo da missão.
Lembro-me que meu chefe não me deixou ser monitor e me ensinou a trabalhar da melhor forma não importando meu cargo, quando adulto pude ver porque, era para eu como sargento de policia exercer funções e oficiais superiores sem me deixar esquecer que sou essência não um mero cargo.
Lembro-me quando adultos negaram meu título de lis de ouro, mesmo tendo cumprido e mostrado todas as etapas e tendo 9 especialidades a mais que cobravam, compreendi que nem sempre o julgamento humano é certo e que devo confiar em Deus, depois disto Deus me deu humildade para galgar funções e realmente cumprir a missão e não massagear meu ego.
Lembro-me quando sênior que apesar de todo o conhecimento que já tinha meu chefe me fez apresentar todas as etapas, que eram parecidas, novamente. A prática leva a perfeição, quantas vezes eu tive que repetir movimentos de tiro, movimentos de direção veicular, posições de voo para saltar de paraquedas e quantas vezes vi que rever as coisas me faz aprender cada dia mais.
Lembro-me de ver minha mãe como chefe de grupo se colocando como sênior para se investir,vendo que o que BP falava poderia ser real em nossas vidas.
Lembro-me bem de fazer minha jornada de eficiência caminhando 68km sem parar, hoje entendi que existem momentos que andar é o mínimo para sobreviver, perseverança e vencer limites é o que impulsiona o mundo.
Lembro-me do meu chefe me ensinando nós básicos e me estimulando a aprender alguns que nem ele sabia, com estes nós tenho capacidade de salvar vidas e concentração para aprender coisas minuciosas como operar armas de alta complexidade.
Lembro-me das infindas flexões que pagamos quando membros juvenis, hoje tenho saúde e força para sustentar meu corpo, mesmo sem exercícios em academia mantenho meu corpo e não sou um obeso mórbido.
Lembro-me do trato dos animais de pena e pelo que tivemos que matar para nos alimentar,aprendi a comer aquilo que Deus coloca na minha mesa e melhor, saborear, não esperando um congelado do mercado da esquina.
Lembro-me das reuniões de chefes onde eles faltavam se bater para defender seus pontos de vista e depois saiam e iam uns para a casa dos outros festar, hoje entendo que devemos separar as coisas e ver as pessoas com bons olhos.
Lembro-me do chefe falando que os problemas tem que ser resolvidos dentro da patrulha, hoje na resolução de conflitos posso mostrar na prática que nem tudo deve ser levado a todos e que os nossos problemas nós resolvemos.
Lembro-me bem quando o chefe me propôs sair da monitoria da minha patrulha para reabrir uma patrulha, com isso eu aprendi a ter apego a causa não a coisa, hoje posso tranquilamente passar meu conhecimento criando novos grupos e aprendendo cada vez mais com cada experiência sem abalar a fé no escotismo.
Lembranças tenho muitas, sempre antes de qualquer decisão elas me veem, boas ou ruins, mas esta é a diferença entre conhecimento e vivencia e é por isso que acredito entre os tipos de escotismo.



ESCOTISMO TRADICIONAL É O QUE MAIS TRANSFORMA

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